sexta-feira, 12 de março de 2021

E viajar, pode? Pode, mas não devia!

Todos temos o direito a ter uma opinião e um ponto de vista, a fazer escolhas como viver a nossa vida mas claro que com limites, pois quase todos nós vivemos em sociedade.O que abaixo escrevo é simplesmente a minha opinião,  não quero e espero não ofender ninguém pois todos temos de ser "politicamente correctos"! E aqueles que me conhecem,  que realmente me conhecem, sabem que eu quero mesmo é "Paz e amor", que aceito a diferença e as escolhas pessoais de cada um.

Lembro-me do tempo em que se fumava praticamente em todo o lado, em todos os lugares possíveis e imaginários, do autocarro ao posto médico, fumava-se nos escritórios, nos bancos e nas fábricas, nas lojas e até nas salas de aulas no tempo em frequentei escola à noite.

Recordo-me de um episódio que se passou com o meu pai que era um fumador convicto, isto apesar de ter sérios problemas respiratórios mas, na altura, ainda estavamos nos primórdios da consciencialização dos males que o tabaco causa. Certa manhã o Júlio lá acordou com uma das suas habituais crises e para o posto médico lá fomos os dois, eu era o habitual ajudante de campo do Sr. meu pai. Depois de feita a inscrição e da espera da ordem, lá a Senhora Enfermeira o chamou e lá o Doutor lhe disse as habituais palavras, "Então Júlio, de que te queixas". O problema era sempre o mesmo, falta de ar, não conseguia respirar, o que lhe valia era a N. Senhora de Fátima se não "desta é que eu tinha ido" dizia o meu pai como se vosse ele um devoto Cristão.  As ordens para a cura eram sempre as mesmas, tal como a receita do xarope que ele coleccionáva no contador da água,  e o Sr. Doutor, sentado a fumar o seu cigarro lá dizia "Júlio,  tu tens que parar de fumar", a que o Júlio lhe respondeu dessa vez com "Mas Doutor,  você também fuma!". A resposta do Médico ficou-me para a vida, nunca a vou esquecer, um daqueles ditos populares,  "tu faz o que te digo, não faças o que eu faço".

O nosso Senhor Presidente, foi, antes do ser o nosso querido lider, um "influencer" como se diz agora, e tinha nessa altura muita e séria importância na nossa sociedade,  com os seus famosos comentários em programas na televisão, nos jornais, etc., muita gente o ouvia, prestavam atenção e seguia as suas palavras e recomendações, os seus conselhos eram importantes,  vinham do Sr. Professor, um homem culto, que lia livros de enfiada, que sabia das coisas. 

Durante estes tempos da pandemia o Sr. Presidente tem tido um papel muito ativo,  tem estado presente, interessado,  tem sido visível e conseguiu reunir apoios diversos e reconhecimento pelas suas acções mais ou menos de todos os quadrantes políticos e da sociedade em geral, em particular tem sido o braço direito do Sr. Primeiro-ministro e do governo, quase sempre em consonância entre eles.

Ontem, depois do anúncio das novas medidas de confinamento ou desconfinamento ou seja lá o que forem por parte do Sr. Primeiro-ministro, alguns jornalistas interessados no assunto, perguntavam pelos comentários do Sr. Presidente. Depois de termos recebidos as noticias do dia anterior, em que o Sr. Presidente antecipava e dava a entender que nada se ia passar, muitos queriam ouvir a sua reacção à apresentação do plano do Governo, afinal até que esses comentários poderiam vir a ser bombásticos, cheirava a sangue, oportunidade para vender papel e valer audiências nas televisões mas, o nosso Presidente não estava para aí virado, nao se encontrava disponível para dar entrevistas, soubemos pelo Sr. Primeiro-ministro que já estava tudo préviamente esclarecido, não haveria mais comentários do Sr. Presidente que até estava ocupado com os preparativos para a sua viagem até Roma e ao Vaticano antes de uma ida a Madrid.

As viagens do nosso Presidente ao estrangeiro são trabalho, obviamente não foi de passeio, o Sr. Presidente foi desempenhar funções inerentes  à sua função de Chefe de Estado, tem não só o direito como o dever de representação do nosso país,  isto é diplomacia e eu até entendo que estamos a necessitar de todas as ajudas e as divinas também serão bem vindas.  

Mas não terá o Sr. Presidente perdido uma excelente ocasião para mostrar aos comuns mortais que querem viajar, que sair do país para visitar a familia, ou simplesmente ir ao Vaticano rezar por todos nós, que esses planos podem ficar para mais tarde? Não poderia ter dado Ele o exemplo, que até o Presidente da República pode adiar certos assuntos, certas deslocações ao estrangeiro? Não nos disseram para adiar tudo o que fosse possível em termos de mobilidade? Não nos disseram que a responsabilidade é de todos nós? TODOS? Claro que não podemos comparar a minha vontade de ver os meus netos, os meus filhos, a minha família com a necessidade desta visita do Sr. Presidente ao Papa.

Enfim, como dizia o médico,  "faz o que te digo e não o que eu faço".

Mas podemos viajar? Podemos, mas não deviamos.


1 comentário:

  1. No Ponto!🎯
    Estas palavras representam exactamente o que todos ficamos a pensar... Cidadãos de 1a e de 2a.

    ResponderEliminar

E viajar, pode? Pode, mas não devia!

Todos temos o direito a ter uma opinião e um ponto de vista, a fazer escolhas como viver a nossa vida mas claro que com limites, pois quase ...